quarta-feira, 14 de agosto de 2013

um belo sítio

Dançou avenida a baixo e sentou-se numa pedra lamentavelmente colocada no chão de pedra polida. Abriu um livro e contemplou com elegância todas as palavras transcritas para aquele modesto e pequeno livro. Folheou, leu e no final rasgou a capa do livro. Levantou-se, e ofereceu com gratidão a leve capa do livro ao vento, que a agarrou e a estuprou longe dos olhares mais apelativos.
Com imparcialidade, levantou-se o sujeito e caminhou pelas ruas antigas daquela cidade que transbordava de arte por todos os orifícios. Caminhou por entre casas onde apenas casais de pássaros habitavam, por onde ratos e insectos procuravam comida, por onde os quadros de grandes pintores pareciam ganhar vida e transpor o mundo do pincel e sair para um mundo onde o ar (que era) límpido cultivava a sua presença.
Trazia ao ombro uma mala de cabedal castanha e vestido no corpo tinha uma túnica encarnada, rasgada pelo tempo e escurecida pela própria noite. Com  resultância puxou uma nova túnica da serena mala e vestiu-a.
E estava prestes a entrar um espaço onde jamais algum corpo com veias vivas e de sangue fresco já estivera antes. O seu próprio paraíso. Desceu delicadamente um par de escadas e sentiu a brisa quente a limpar-lhe a face. Sentiu-se limpo, sereno e com saúde. À sua frente avistava a mais bela vista que seus olhos alguma vez viram. No ar, copas de imensas árvores ladeavam a simples cidade para onde caminhava.
O seu destino podia ser contemplado das estrelas e dizer-se belo. Possuía grandes torres góticas. edifícios barrocos, grandes catedrais renascentistas.
Talvez aquilo fosse o ótimo lugar para aquele estranho passageiro, pois os seus lábios mostraram o mais belo sorriso que alguém pode dar quando se vê algo que agrade.

4 comentários: