segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Amor?

Ficou entre-aberto o que se iria passar no momento seguinte. Passou-se um mês de boca fechada como uma fechadura até que finalmente a gaiola foi aberta e os teus pássaros da liberdade voaram, livres, sobrevoando os meus longos séculos. O banco de pedra estava gelado como uma noite de inverno, mas o teu calor interior aquecia-me como uma chama viva e emocionada com o que dizíamos não ser amor.
O que era de facto o amor? Os mistérios da vida são descobertos através das nossas acções, são perfurados como rochas e revistados como ladrões de tempo, aumentando a nossa sabedoria, a nossa força no mundo a quem outrora os humanos chamaram de amor.
Para além de ser um sentimento transcrito para a área das palavras, amor é um fascínio, um relevo antigo, uma peça de historia com muito para contar, amor é a coisa pelo qual nosso coração bate cada vez mais rápido, é a coisa pela qual não dormimos a noite.
Somos apenas almas antigas e esquecidas neste mundo sombrio, com esperança de encontrar o coração que nos completa, as mãos que encaixam enlouquecidas e perfeitamente nas nossas.
Acordar de manhã e escrever o seu nome no vidro embaciado, imaginar-nos no leito na nossa cama na sua presença. Entrar no carro e olhar o sol, na esperança que nesse dia a vejamos. Amor faz-nos sair da sala de aula de procurar essa estranha nossa alma gémea pelos confins dos corredores, faz-nos olhar por uma janela e pensar no belo e suave toque dos seus lábios, das suas mãos em redor do nosso corpo.
Amor, meu querido amor, faz com que perca horas de estudo e lazer, faz envolver-nos na loucura quando pensamos que perdemos o nosso amor, faz-nos gritar de angústia quando a distância se torna insuportável, faz-nos caminhar imensos dias no escuro, a manifestar as nossas lágrimas pelo chão frio.
Afinal o amor tem advertências, tem zonas onde tropeçamos e caí-mos no fundo do poço seco, onde liberta-mos a nossa raiva.
Amor faz-nos relembrar os momentos da nossa vida quando assistimos delicadamente a um filme, imaginando-nos na sua presença num lugar isolado, a criar as nossas fantasias e tornar memorável o que os nossos corações tanto desejam. Amor, que fazes esquecer os problemas, que encaixas o corpo desnudo num monde de penas, que levas o teu desejo ao infinito e tornas o mundo de dois amores real, sincero e verdadeiro.
Poderíamos caminhar por noites sem comer, beber ou dormir, beber de um rio de sangue e nadar num mar congelado, poderíamos tomar veneno, cravar a forte rosa no peito, faríamos o impossível pelo que o nosso coração sente, amor, que estragas e juntas relações, que mostras a perfeição ao mundo.
Sinceramente, o amor faz-nos ter ansiedade de estar com aquela alma perfeita para todo o sempre. Quando vemos a ponta de lágrima nos seus olhos, o mundo acaba, a dor é imensa mesmo que não saibamos o motivo. Depois, com a melancolia, o amor por vezes atravessa uma ponte e cai, durante a sua queda e a sua distância, são consagradas lágrimas, o sangue parece não correr bem no nosso corpo, o coração dói como se nos ferissem, e a loucura apodera-se de nós. O amor vazio não passa de um momento em que a alma cai numa campa e a vemos com outras almas perdidas. Esses, esses momentos, o silêncio constrói um forte, uma muralha a nossa volta, algo em nós vacila e não temos forma de nos levantar. Mas o amor voltou da sua queda.
Estavas bem, sorriste-me, estavas na solidão do dia. Sei que olhavas para mim, sei que o amor se salvou da queda.
Obrigado.

2 comentários:

  1. um grande POIS a tudo o que disseste que o amor era

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  2. texto bem intenso, adorei!
    Bjs
    http://transformesecomlinhastortas.blogspot.com.br/

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