sexta-feira, 12 de outubro de 2012

820º dia de cartas e teclas pesadas

Primeiro era de manhã e o sol brilhava atrás de ti quando te vi à minha frente, com as tuas asas de anjo abertas. Corres-te. Segundo era de tarde fria e apenas vi teu blusão preto e a tua cara que sempre amei beijar. Terceiro não havia terceiro pois não te vi até hoje, apenas sentia friamente a tua falta e o vazio que deixaras. Não me encontraras, não me embalares como de costume, não me acolheres em teus braços, não me olhaste sequer com teus grandiosos olhos (porque raio estou a escrever desta maneira?).

Estava a tocar no piano friamente e coma noção de que cada pauta que tocava era mais fria que a anterior, cada nota era mais aguda e mais estridente que a outra, e cada uma mais triste que a outra. Não havia partituras, não havia ninguém (havia, mas fazia parte de uma divindade da vida longe do meu vazio). Tocara mais uma série de notas quando tive uma ideia, retirei uma folha branca e uma caneta da mochila e comecei a escrever uma carta:

Sei-lá-onde 12-10-2012
querida felicidade,

As cordas vocais não aguentam mais berros, as pernas não aguentam mais caminhadas sem destino, a cabeça não aguenta mais discussões sem sentido, a alma não suporta estares tão longe, mas tão perto.
Felicidade, ou seja, és a minha felicidade, não que sejas feliz, não acredito que sejas completamente feliz, não passas um dia com um sorriso, há lágrimas nos cantos dos teus olhos. Mas não te sintas na solidão, pois também sofro desses sintomas, ambos sabemos que isto matá-nos. Como estás, Felicidade? Pretendes desabafar um pouco comigo?
Hoje olhei um local onde em tempos passeá-mos. Foi há quase um ano, com uma vista para a Ria, ainda te lembras?
O que te queria contar é de extrema importância, nada que já não tenha dito, mas a sua importância deve ser relembrada. É difícil ver-te, querer gritar o teu nome e não puder, com medo. Não pretendo andar por cantos a chorar, não vale a pena, também preciso de sorrir, mas todos nós sabemos que quando a tristeza nos seduz somos levados por uma onda que nos prende e faz as tais lágrimas pousadas no cantos dos olhos, caírem. Não tenho nada a acrescentar ou a retirar. Apenas, Felicidade, pensa com o coração.
Até ao fim do mundo, onde for preciso,
seu amigo
descobridor da felicidade 

1 comentário:

  1. Uma pergunta: Isto é para a pessoa que eu penso que é ou nem por isso? P.S: Adoroooo *-*

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