segunda-feira, 21 de maio de 2012

O ''Eu'' no chão

«Ei, limpa essas lágrimas.

Encostou-se à parede e suspirou, tornando o ar mais gelado do que já era. Estava farto de ler aqueles poemas estúpidos, estava farto de ler Fernando Pessoa, estava farto de olhar para uma página apenas cheia de letras. Desenhou a lua nos espaços em branco. Não parou, continuava com raiva. Pensou por instantes, retirou algo do bolso, e momentos depois já se encontrava a caminhar para além do desconhecido deixando o livro a arder.
''Desculpa, o que disses-te sobre mim?'' E nos momentos seguintes apenas se divertiu a esmurrar a face do rapaz, sempre com um brilho intenso nos olhos que transmitiam não só raiva, como gosto ao que fazia. Ninguém o censurava, ninguém se atreveria a chegar-se ao pé dele, todos já tinham visto o que ele era. 
O ar frio parecia não o incomodar. O fogo parecia não o assustar. A noite para ele era uma musa, algo de desconhecido, algo belo que o convidava a dançar nos seus 'salões' enormes, com apenas a Lua a servir de espectador. Ele não tinha medo de desafiar, não tinha medo se quebrava os 10 mandamentos ou se praticava os 7 pecados mortais.
Ele já teria corrido com vultos, dançado com mulheres, gritado com deuses, era um poderosíssimo ser! Como antes prenunciara, tinha feitos coisas que nenhuma mãe perdoaria a um filho, andou por entre sítios nunca antes pisados por pés humanos, presenciou momentos únicos na Humanidade, percorreu caminhos com os mais bravos vultos, lutou por pessoas que para ele eram uma forma de viver.  

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